2020 foi um ano em que viajamos pouco, mas falamos muito de nossa vontade de viajar.
Vamos combinar que ninguém merece passar por retrospectiva de 2020? Vamos então direto ao que vale a pena: o que ficou de bom e o que podemos arriscar sobre as viagens pós-vacina.
O ano em que aprendemos a desembarcar do avião
De março para cá, pouca gente andou de avião. Mas quem subiu a bordo nos últimos meses deve ter se surpreendido com o que acontece depois da aterrissagem.
Por causa dos protocolos da covid, o desembarque agora está organizado por fileira. Os passageiros vão se levantando à medida que os comissários liberam cada fileira.
Há poucas coisas que queremos levar de 2020, mas este é certamente um hábito que deveria ficar.
O ano em que aprendemos a prestar atenção nas condições tarifárias
Se você não precisou adiar ou cancelar nenhuma viagem este ano, saiba que você é uma pessoa privilegiada.
Viajantes seriais precisaram em algum momento do ano mudar ou cancelar viagens marcadas.
Tivemos que nos entender com regras antigas e leis novas, nem sempre criadas a nosso favor.
Na teoria, podíamos resolver tudo online, nos sites de quem nos vendeu as viagens. Na prática, muitos de nós acabamos dedicando boas horas do nosso isolamento social ao telefone, esperando um atendimento que muitas vezes não chegou a acontecer.
Se sofremos com o imprevisível, a lição que fica é pelo menos evitarmos o previsível. Prestar atenção nas condições de remarcação e cancelamento é essencial em qualquer compra de viagem.
Fica o ensinamento: enquanto durar a pandemia, não compre dor de cabeça disfarçada de pechincha.
O ano em que os agentes de viagem reafirmaram o seu valor
Poucos setores da economia foram tão afetados como o turismo.
O turismo doméstico ainda esboçou uma reação no fim do ano. Mas quem se especializava em viagens internacionais viu seu negócio minguar em 2020.
Mesmo severamente afetados pela pandemia, os agentes de viagem se mostraram mais uma vez imprescindíveis. Quem comprou suas viagens com agente teve assistência na hora de remarcar, cancelar ou pedir reembolso de suas reservas.
Quando os consulados estrangeiros e as cias. aéreas ficaram inacessíveis e a internet não tinha respostas confiáveis, os agentes eram os únicos que sabiam quem podia ou não podia viajar para cada lugar.
Se você conhece alguém que teve seus problemas resolvidos por um agente de viagem em 2020, peça o contato — e use na próxima viagem.
O ano em que as cias. aéreas redescobriram o… turismo
A aviação doméstica brasileira é totalmente voltada às viagens de negócio. O turismo entra só para fechar a conta.
A pandemia, porém, trouxe não só o home office. Trouxe também as reuniões de negócio por Zoom. É difícil que as viagens a trabalho voltem ao que eram, nem mesmo depois que o vírus estiver sob controle.
Como o turismo reagiu primeiro, as rotas turísticas ganharam prioridade na retomada.
Parnaíba, que tinha só um voo semanal antes da pandemia, agora tem dois. Canoa Quebrada, que era servida por uma rota saindo do Recife, agora recebe voos de Campinas. Jericoacoara teve sua malha restabelecida, e Cabo Frio, reforçada.
Búzios, Paraty, Angra dos Reis, Ubatuba, Itanhaém, Guarapari, Canela — todas estão recebendo aviõezinhos regulares neste verão.
Nossos votos para 2021 e além: que as cias. aéreas continuem investindo em rotas turísticas, de preferência diretas, de mais e mais cidades.
O ano do home office para viagem
Lembra dos “nômades digitais”? Antes da pandemia, eram jovens-aventureiros-freelancers que atuavam na ‘economia criativa’ e levavam uma vida frugal.
Mas em 2020, homens e mulheres com empregos formais, endereço fixo e família para sustentar também puderam ter o gostinho do nomadismo digital.
Quem tinha uma casa no campo ou na praia — ou dinheiro suficiente para alugar uma — aproveitou para montar um home office longe do home. Em vez de trabalhar ‘de casa’, esses felizardos e felizardas trabalharam ‘de fora de casa’.
Quer saber? Isso não tem volta. E vai se democratizar. Com o fim do trabalho 100% presencial, você não vai precisar ter cargo ou salário de chefia para praticar um pouquinho de nomadismo digital de vez em quando.
Quando a pandemia passar, muita gente vai se dar conta de que é possível antecipar viagens quando as férias estão distantes. Que dá para sair mais cedo e voltar mais tarde dos feriados, evitando os dias de transporte mais caro ou mais congestionado. Que finalmente existe um jeito de fazer coincidir férias de casais ou amigos que nunca conseguem viajar juntos.
Basta se dispor a levar um pouco de trabalho para a estrada.
Acha estranho? Os nômades digitais não acham, e é provável que em breve você não ache também.
2021: Turismo de vacinação x Turismo com vacinação
De vez em quando surgem menções, sérias ou jocosas, sobre um possível “turismo de vacinação” no ano que vem: viagens ao exterior com o objetivo de tomar a vacina.
Será possível? Não cremos. O mais provável é que a vacinação seja requisito de entrada na maioria dos países. E mesmo que isso não se confirme, as vacinas são aplicadas em duas doses, com semanas de intervalo. Não parece factível.
O que vamos ter, com certeza, é o turismo com vacinação. Quem for vacinado primeiro — as duas doses, mais o tempo necessário para que a segunda dose atue completamente — vai viajar primeiro para o exterior.
Se você tem mais de 60 anos, ou trabalha na saúde ou na educação, ou tem alguma doença grave, você será vacinado numa das fases já divulgadas tanto pelo programa federal quanto pelo programa paulista para o primeiro semestre do ano.
E os demais? Vamos precisar esperar as outras fases. Ou torcer para que, bem mais adiante neste ano, com os países ricos já tendo garantido todas as doses de que necessitam, as vacinas possam ser comercializadas pela rede privada.
Mas não conte com isso. O melhor a fazer é pressionar as autoridades para vacinar todos os brasileiros o mais rapidamente possível.
Para que voltem os abraços, os encontros, as aulas, os shows, as peças de teatro, os filmes no cinema, as festas… e então, por que não?, as viagens internacionais.
O Viaje na Viagem deseja que a sua vacina venha logo e que ainda em 2021 você tenha tempo de se vingar de 2020.
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